sexta-feira, abril 26

preparar para as chuvas


Estamos prestes a mudar de casa. Gosto de mudanças e esta irá trazer dificuldades que ainda não sei prever, mas que de certeza vão existir, mas também coisas boas, como o facto de ser mais arejada. A casa onde tenho estado sofreu muitas alterações, mas na época das chuvas já trouxe muitas más noites, de calor e de humidade, onde dormir se torna difícil. É que do frio, há sempre a possibilidade nem que seja de uma botija quente para os pés, mas, do calor, sem electricidade, ninguém se livra; como já aconteceu acordar de noite com o calor e a falta de ar e abanar o leque para algum alívio, até adormecer novamente.
Mas agora estamos com boas perspectivas para a época das chuvas que está prestes a chegar, em que o calor e a humidade apertam e de que maneira. Aqui é assim, as pessoas preparam-se para as chuvas. E não se diz a chuva, mas as chuvas porque, de facto, parecem muitas em simultâneo. São duas Guinés diferentes: a do tempo seco e a das chuvas. E compõem-se telhados, terminam-se construções, investe-se mais no conforto porque, nas chuvas, tudo fica mais difícil; há lugares onde deixa de ser possível ir, e de onde deixa de ser possível sair, pelos caminhos que se tornam impercorríveis.

sábado, abril 20

pequenas férias na casa portuguesa









 
 
 
A vida na Guiné-Bissau é tão intensa... vivo do melhor, do mais gratificante, da aprendizagem, da aceitação, da descoberta, da linda e comovente ingenuidade de pessoas e dos olhares brilhantes de disponibilidade, do nô sta djunto, enfim... e do mais cansativo, pelas privações, dificuldades, frustrações. Ir à casa portuguesa com alguma frequência é absolutamente imperativo para manter um equilíbrio, entre as minhas referências e raízes e a minha vida neste país. E são as pequenas coisas, em qualquer uma das casas, que contam, que ficam, em mim e aqui: o Balú no quintal; delícia de café e bolinho-género-queijada-limão; chá no Porto; os meus novos óculos de sol comprados no mercado da Praça Carlos Alberto; uma linda janela no Porto; como gosto de andar por esta cidade que me maravilha sempre e ouvir a proximidade da praia que as gaivotas trazem para os telhados.