segunda-feira, setembro 30

"Velhos são aqueles que não visitam as suas próprias variadas idades."


conto Velho com jardim nas traseiras do tempo, Mia Couto

sábado, setembro 28


Quando regressei a Portugal, há pouco mais de um mês, senti-me uma preta em terra de brancos. Como se ninguém me compreendesse realmente ou eu aos outros, com a exceção dos que viveram a Guiné comigo.
O meu primeiro pensamento era a Guiné e o último do dia também. E depois, à noite, nos sonhos, eu ainda lá vivia. Agora essa dor estranha, de não saber onde queria estar, desdramatizou-se, ou arranjou um espaço confortável em mim para estar. A minha Guiné está em mim e eu nela, em tudo o que vivi e no pouco com que aprendi a ser feliz, sem distrações, com o que importa.
Apesar do meu regresso estar a ser bem mais generoso comigo do que eu imaginava (sinto que o universo me está a dar um verdadeiro welcome back!) fica aquela parte de mim, guineense, que tantas vezes é difícil explicar. Não há palavras que cheguem..., são as pessoas, os sorrisos, a curiosidade, uma certa ingenuidade. São o verde generoso que cobre o vermelho e o laranja da terra, que acompanha os caminhos. As cores das nuvens. As viagens, por terra e mar. E toda a felicidade que se aprende simples. E a minha melhor lição de gratidão. Como ela é gigante em mim.