sexta-feira, maio 27
querida avó
tenho saudades do teu lugar na minha vida, das tuas mãos fortalecidas pelos trabalhos de mãe, de avó, da tua disponibilidade sempre total para me leres, da luz do final do dia na tua cozinha, da cevada e regueifa com planta ao pequeno almoço, antes da missa de domingo, do pão com ovo estrelado ao sábado à noite.. e de todos os nossos debates em que discutíamos as nossas perspectivas encarceradas pelas vivências de cada uma e diferença de idades... no fim, já só houve espaço para o interesse e amor com que aprendíamos e ensinávamos as diferenças uma à outra. ou talvez para as semelhanças. e ficou a tua imortalidade, nas minhas memórias, em objectos e móveis espalhados pela minha casa, na forma como em frente ao espelho apanho o cabelo e pinto os lábios de um vermelho suave. quem já não está cá é imortal em mim e nas histórias que revivo ou conto, até eu desaparecer e quem já fora, ser apenas um retrato a preto e branco numa caixa esquecida.
domingo, maio 22
Another Year
gosto de filmes e histórias sobre pessoas normais. o Mike Leigh faz filmes assim, tem o dom de contar histórias sobre a humanidade em cada um de nós, uns mais heróis do que outros, mas todos com um interesse e uma honestidade incríveis, na sua vida normal e real. não é isso também que se procura nas histórias? - encontrarmo-nos em cada uma delas, no mais belo e no mais obscuro.
sexta-feira, maio 20
quinta-feira, maio 19
a dor de ser
há dias em que tudo está bem, o sol raia no céu, mas pelo corpo e pela alma perpassa uma dor, aparentemente ser razão alguma. e a música certa a tocar alimenta esse sabor, o da dor de ser.
sexta-feira, maio 13
no primeiro dia de praia…
reaprende-se a familiaridade da areia nos pés, vive-se a excitação pueril dos mergulhos no mar seguidos por aquela serenidade que o sol pousa na pele. a praia fez sempre parte e continua a despertar em mim a mesma alegria que despertava na minha infância e adolescência, ainda que se torne mais demorada a entrada no mar frio. o primeiro banho, ainda que nunca o tenha tomado em janeiro, tomo-o sempre como uma espécie de consagração, um ritual de limpeza da alma, das energias, do espírito. um começar de novo. e sentir-me pequenina naquela imensidão é estranhamente bom.
segunda-feira, maio 9
lolita
domingo, maio 1
dia da mãe
convidei a minha mãe para almoçarmos fora. porque ela nunca sai de casa, não é capaz de sair sozinha, fruto de um casamento precoce e divórcio consequente. eu podia dizer que ela investiu os melhores anos da vida dela nisso, mas e eu? nem me casei, muito menos me divorciei. ela pelo menos ainda teve tempo de ter dois filhos impecáveis. não, não há fotografia do almoço, mas posso aqui descrever que teve direito a uma praceta ao ar livre, mesa protegida da chuva morna de abril... sangria de champagne e pastas maravilhosas de marisco e vegetais frescos, como se quer. acho que posso agradecer por tudo o que sei que até ao fim da minha vida me vou esforçar por compreender, necessidades idênticas, consciências e linguagens distintas. às vezes papéis invertidos...
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