sexta-feira, maio 27

querida avó


tenho saudades do teu lugar na minha vida, das tuas mãos fortalecidas pelos trabalhos de mãe, de avó, da tua disponibilidade sempre total para me leres, da luz do final do dia na tua cozinha, da cevada e regueifa com planta ao pequeno almoço, antes da missa de domingo, do pão com ovo estrelado ao sábado à noite.. e de todos os nossos debates em que discutíamos as nossas perspectivas encarceradas pelas vivências de cada uma e diferença de idades... no fim, já só houve espaço para o interesse e amor com que aprendíamos e ensinávamos as diferenças uma à outra. ou talvez para as semelhanças. e ficou a tua imortalidade, nas minhas memórias, em objectos e móveis espalhados pela minha casa, na forma como em frente ao espelho apanho o cabelo e pinto os lábios de um vermelho suave. quem já não está cá é imortal em mim e nas histórias que revivo ou conto, até eu desaparecer e quem já fora, ser apenas um retrato a preto e branco numa caixa esquecida.

Sem comentários:

Enviar um comentário